Comunicado Técnico Estudo prospectivo para uso de área de Caatinga, localizada na grande unidade de paisagem “Depressão Sertaneja”, para o pastejo de ovinos
Palavras-chave:
Composição botânica, Diversidade florística, Balanço de nutrientes, Produção Animal, Nutrição de ovinosSinopse
A caatinga, bioma exclusivamente brasileiro, localizado em grande parte da região semiárida do país, apresenta ampla variedade de espécies botânicas com potencial forrageiro que tem potencial de oferta qualitativa de nutrientes inclusive para as categorias produtivas de ovinos mais exigentes, especialmente no período chuvoso. Nos sistemas pecuários inseridos neste bioma, a principal base alimentar se constitui de pastagens naturais ou nativas (podem compor até 90% da dieta consumida pelos animais). A eficiência na utilização das espécies botânicas da caatinga para alimentação animal passa pela disponibilidade e conhecimento das espécies preferidas pelos animais. Além disso, o acompanhamento e manutenção da variabilidade botânica de espécies forrageiras ao longo do ano, notadamente aquelas que caracterizam a disponibilização de nutrientes solúveis, em integração com o uso racional do pastejo de ovinos, é estratégia necessária para a conservação e sustentabilidade do bioma Caatinga, especialmente em contexto de mudanças climáticas globais. Pelo presente comunicado, objetiva-se contribuir, em estudo prospectivo realizado em área de vegetação de Caatinga localizada na unidade de paisagem “Depressão Sertaneja”, para a descrição das principais espécies forrageiras efetivamente disponíveis aos ovinos ao longo do ano, aquelas que efetivamente são selecionadas, e assim, integrar o manejo nutricional de ovinos em pastos nativos da Caatinga com a conservação de espécies-chaves indicativas de um manejo pastoril sustentável ambientalmente. As principais recomendações obtidas com o presente estudo são: 1) As áreas destinadas ao pastejo de ovinos devem ser divididas em piquetes que permitam uma rotação das áreas para os ovinos ao longo do ano, de modo que esses animais sejam mantidos nesses piquetes até quando o consumo não ultrapasse os 60% de utilização total da área; 2) Ao caracterizar as áreas, identificando e quantificando as espécies forrageiras disponíveis, antes mesmo do pastejo, é possível verificar a qualidade nutricional da área a ser disponibilizada aos ovinos. Espécies como malva (Sida cordifolia), estilosantes (Stylosanthes humilis), amendoim forrageiro (Arachis dardani) e ervanço (Alternanthera brasiliana), características do grupo das dicotiledôneas herbáceas, indicam áreas de excelência para fins pastoris e merecem um cuidado todo especial e acompanhamento contínuo para que não ocorra o superpastejo. Por outro lado, quando há disponibilidade apenas de espécies arbustivo-arbóreas, especialmente no período seco (contribuição da serrapilheira para a composição de dietas de ovinos), o valor nutritivo é baixo e os nutrientes têm uma contribuição em termos de biodisponibilidade praticamente nula. As gramíneas, por sua vez, contribuem de forma intermediária em termos de qualidade de carboidratos e proteínas oferecidos, nos períodos de transição e seco do ano.